Faustino Antunes

quinta-feira, 31 de março de 2011


TEMPO... TEMPO


Nossas mãos
Magrinhas e fraquinhas,
Unidas como nunca
A formar um só corpo

Nossos olhos
Pequeninos e cansados
Janelas d'alma
A enxergar a memória.

E o sol se pondo
Lentamente
Ultimas nuances no horizonte
Mais uma vez
A ultima vez

Nossas vidas
Há tanto tempo unidas
E unidas estarão eternamente
Porque a eternidade não separa
Duas vidas

segunda-feira, 28 de março de 2011


SONINHO FUJÃO



Vai
Soninho fujão
Vai pra bem longe
Vai despertar alguém lá no Japão


Lá do outro lado do mundo
Alguém precisa acordar
Lavar os olhinhos
Vestir a mochila
E ir pra escola.


Que venha o soninho bom,
Aqui é hora de descansar
Soltar o brinquedo devagarinho.
Fechar os olhinhos
E sorrir para as fadas!


Uma melodia suave enche o ar
Só falta o fujãozinho chegar
Os anjos já estão todos aqui
Pra desenhar a noite
Para colorir os sonhos!

BOM DIA


Bom dia. Me diz um bem-te-vi feliz,
Fazendo arte na minha janela
Dizendo-me que a chuva da manhã
Deixou um céu limpinho lá fora

Bom dia. É o sabiá agora.
Que me desafia a abrir os olhos
Para um sol resplandecente
Que também me acolhe alegre

E a luz que indiscreta no meu quarto entra
Garante-me que a escuridão se foi
E o silencio lentamente se transforma,
Num ruidoso e estridente chilrear

E toda a natureza, num mágico momento,
Á minha frente, desfila seu frescor.
Como se fosse só minha neste instante
E só para mim, trabalhasse o Criador!

quarta-feira, 23 de março de 2011

UM POUCO MAIS DE LUZ


Não feche os olhos. É dia claro!
E a noite dos sonhos inda tarda
Não desperdice o resto de luz
Que ainda excita o teu olhar

Mesmo que ames de verdade as estrelas
E anseies pelo anoitecer
Mesmo que a prata do luar te acene
E te seduza a ilusão do sono

Ainda que a fantasia persista no convite
E a alegoria te doure a ilusão de ir
E achares que partir é um caminho doce
E a viagem insista em te acenar

Ouça, que ainda cantam as aves
E o vento agita ainda teus cabelos
A chuva molha teus caminhos
E há um rastro de flores pela estrada

Espere. É tão sublime esperar!
E no tempo eterno a pressa não existe
Portanto, aguarde um bocadinho aqui,
E desfrute antes, de um pouco mais de sol.

segunda-feira, 14 de março de 2011


EVOLUÇÃO


Eu era pó. Era seco e sem vida,
Quando a luz aconteceu,
Numa amalgama de elementos
Num cadinho de ingredientes.
Um pouco terra, um pouco água,
Um pouco ar, um pouco fogo
E muito amor
Tudo posto a cozinhar
No calorzinho do tempo
Muito tempo!
E sob o olhar apaixonado,
Paciente e complacente,
As metamorfoses!
As transformações!
E em sete milhões de anos
Ou bilhões, ou trilhões, não importa,
Estava pronto,
O protótipo, o modelo,
De um filho,
Imagem e semelhança!
PANACEIA CAIPIRA


Dona Gertrudes era uma velhinha simpática que conheci a alguns anos atrás e espero que ainda seja. Morava pertinho da cidade e todo o domingo podia ser vista na estrada, voltando da missa, arrastando as chinelas na poeira do chão. Muito religiosa e muito honesta, era um exemplo de pessoa e tinha sempre uma palavra de conforto para todos os que encontrava. No sitio estava sempre á cata de plantas medicinais, o que depois de Deus, era o que curava os seus males. Um dia encontrei-a as voltas com uma planta nas mãos. Ao perguntar-lhe a utilidade da mesma, respondeu-me com a língua enrolada:
- É patuquiá
Achando que ela não havia entendido a minha duvida e pensando que ela me dizia o nome da erva, perguntei-lhe de novo o que é que a planta curava. A resposta foi a mesma:
- É patuquiá
Só depois de algum tempo entendi que a Dona Gertrudes usava o vocabulário mineirês e estava me dizendo que o remédio servia “para tudo o que há”.