Faustino Antunes

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O SAPO E O ESCORPIÃO


Ouvi, não me lembro onde, uma fábula do tempo em que os bichos falavam. Acredito que eles falem até hoje, nós é que deixamos de ouvi-los. Mas, voltando ao causo, havia na beira de uma lagoa, um escorpião que, por motivos particulares, precisava atravessar para a outra margem. Como não avistasse por ali nenhuma casca que pudesse utilizar como barco e vendo um sapo refestelando-se em cima de uma pedra, quis contratá-lo para o serviço de locomoção. O batráquio assustou-se com o convite:
-Estás louco! Se me mordes, teu veneno me paralisa e morremos os dois!
O escorpião insistiu. Claro que não o morderia. Se o fizesse, morreria também afogado.
E tanto argumentou que o sapo acabou concordando. Encarrapitou-se então nas costas gordas do bicho e partiram ambos lagoa adentro.
Longe já da margem, o escorpião crava os ferrões no couro do sapo. Este, ferido mortalmente, reclamou a traição, nos estertores da morte:
-Você....disse....que...não...me....atacaria!!!
Afogando-se, moribundo já, o escorpião defendeu seu ato:
-Me perdoa...não pude resistir...sou um escorpião...é a minha natureza!

Nenhum comentário:

Postar um comentário