Eu e a Ivani temos algumas manias. A que mais se destaca é o de procurar coisas antigas. E nas nossas andanças, o que vemos é que cada dia mais pessoas procuram também adquirir relíquias, seja para enfeitar suas casas ou para expor, como curiosidade do passado. Carroças antigas, moinhos, panelas de ferro, bombas d’água e uma infinidade enorme de objetos são disputados pelos colecionadores. E perguntamos: porquê? Estamos vivendo uma nova época do romantismo antigo, quando as pessoas sentiam saudades do passado simples, singelo e bucólico da vida do campo? Queremos nos apegar a um restinho de “realidade real”, em tempos de realidades virtuais, onde não sabemos mais o que é e o que não é?
Uma velha carroça tem uma longa historia! Que caminhos não teriam percorrido suas velhas rodas e o que tipo de cargas não teria carregado em sua estrutura simples, mas eficiente? Que tipos de pessoas conduziram esse modelo de transporte, agora ultrapassado? O que pensavam? Quais os seus sonhos, suas ambições?
Quem tem pouco mais ou menos de cinqüenta anos sabe das dificuldades que vivíamos há algumas décadas atrás, principalmente na zona rural. O conforto com que estamos acostumados hoje, não existia. Luxos como luz elétrica, geladeira, televisão e outros, eram coisas que poucos conheciam. O dia a dia era de muito trabalho e pouca diversão. Acordava-se bem cedo e como na época a Rede Globo ainda não ditava os horários, as lamparinas eram também apagadas muito cedo. A comida era feita com produtos da própria horta e tinha gosto de comida de verdade. No comercio, só comprávamos basicamente o açúcar, os tecidos, o sal e o querosene.
Era uma vida difícil, mas de certa forma era relativamente tranqüila. Não havia tanta violência e os nossos sonhos de consumo eram bem modestos. Não havia a preocupação com os últimos lançamentos na área da informática ou de outras áreas quaisquer.
Analisando hoje percebemos que no fundo, sentimos saudades da simplicidade. E agora corremos atrás de um pouquinho do passado, na ânsia de não deixá-lo escapar definitivamente. Talvez porque isso faça-nos sentir mais humanos e menos artificiais.
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