segunda-feira, 30 de abril de 2012
UMA FOTO POR DIA
sábado, 28 de abril de 2012
UMA FOTO POR DIA
Dália, para mim a flor mais antiga do mundo. No pequeno jardim, perto de casa, minha mãe era uma eximia plantadora de flores, principalmente dálias. Até hoje o cheiro dessa flor me faz voltar no tempo e ainda me enfeitiça. É o perfume de uma época, gravado no coração de um menino
sexta-feira, 27 de abril de 2012
CAUSOS DE BARBEARIA
quinta-feira, 26 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
LOUVOR
sexta-feira, 20 de abril de 2012
MALLEUS MALEFICARUM
A BRUXA
Numa noite de intenso temporal
quarta-feira, 18 de abril de 2012
COISAS ANTIGAS
FOGÃO Á LENHA
Peça imprescindível nas cozinhas rurais há quarenta anos. Era polivalente, pois alem de proporcionar uma alimentação deliciosa, sempre com um saborzinho de bacon, estourávamos pipocas nas suas cinzas, que a mãe chamava de “freiras”. Servia também para acalmar tempestades, pois ali queimávamos os ramos bentos abençoados no domingo de ramos. Nas suas bocas, a chaleira de ferro era presença constante para o café, o chá de arruda para os vermes e até mesmo para o banho de carretilha. Aos domingos não faltava o frango ao molho e de manhã o bolinho de chuchu com café preto. Ao redor, para aproveitar a fumaça abundante que enchia a casa de fuligem, as lingüiças caseiras se defumavam e ás vezes eram assadas no espeto. O registro, na chaminé de manilha, regulava o movimento do fogo. Nas manhãs frias era um ótimo aquecedor de ambiente.
Bom mesmo era acordar cedinho, antes de ir pra escola e sentir o cheirinho delicioso do café sendo preparado.
terça-feira, 17 de abril de 2012
GILBERTO FREIRE
“A luxuria dos indivíduos, soltos sem família, no meio da indiada nua, vinha a servir a poderosas razões do Estado no sentido de rápido povoamento mestiço na nova terra. O ambiente em que começou a vida brasileira foi quase uma intoxicação social. O europeu saltava em terra escorregando em índia nua; os próprios padres da Companhia de Jesus precisavam descer com cuidado, senão atolavam o pé em carne. Muitos clérigos, dos outros, deixaram se contaminar pela devassidão. As mulheres eram as primeiras a se entregar aos brancos, as mais ardentes indo esfregar-se nas pernas desses que supunham deuses. Davam-se ao europeu por um pente ou um caco de espelho”
O texto acima é um excerto do livro de Gilberto Freire “Casa Grande & Senzala” onde o autor procura retratar o pensamento do brasileiro. Publicado no Rio de Janeiro em setembro de 1933, depois de inúmeras edições, esse livro ainda nos instiga a repensar o inicio da colonização do Brasil e qual o peso dessa colonização na formação do pensamento do povo brasileiro. É uma obra de fundamental importância e continua seduzindo pelas suas teorias emblemáticas.
Segundo Freire, a convivência entre a casa grande e a senzala foi grande e importante. Havia uma estreita ligação entre ambos e isso influenciou no surgimento de um povo com características próprias e únicas para formar o que somos hoje. Desde o primeiro contato com as índias, nos primeiros momentos, e depois com a convivência com as escravas, o apelo sexual dos portugueses foi muito forte.
Portugal sempre foi um país de características cosmopolitas, em conseqüência da sua localização estratégica. Situado num entroncamento de mares e continentes, o pequeno pais lusitano sempre recebeu e conviveu com pessoas do mundo todo. O português, teoricamente sempre foi um povo aberto ao relacionamento com povos estranhos e ao chegar ao Brasil foi logo fazendo amizades e espalhando as suas sementes no fértil terreno dos trópicos.
Mais tarde, com a escravidão, mais uma injeção de vitamina na libido lusitana. As férteis negras deixaram-se seduzir pelos sinhôs e com eles inventaram o ícone sargenteliano: as mulatas!
A realidade dos fatos é claro, ninguém conhece. Mas se formos escovar a historia á contrapelo, como nos sugere o alemão Walter Benjamin, descobriremos que essa harmonia é certamente exagerada. Dono da situação, o senhor com certeza não fazia questão de cortejar as escravas. Sua palavra era lei e para não sofrer castigos elas se entregavam sem resistência aos mais animalescos instintos. A isso se soma o fato da sinhá muitas vezes enciumada pela traição do marido, maltratar as suas mucamas.
Mas Gilberto Freire ainda é um fenômeno! Vale à pena conhecer as suas idéias, assim como as de Caio Prado Junior e Sergio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil).
quinta-feira, 12 de abril de 2012
GRANDES NAVEGAÇÕES
Sempre que estou numa praia, exerço a minha condição de historiador. Ponho-me a imaginar como seria chegar numa praia deserta, por volta de mil e quinhentos. Desembarcar de uma caravela, depois de meses enfrentando os perigos dos oceanos, a fome e todas as demais dificuldades da época. Depois do grito eufórico de “terra à vista”, com as primeiras gaivotas a visitar a embarcação, a deliciosa sensação de por os pés na areia fofa e logo mais sentir a terra firme depois de tanto tempo se equilibrando num chão instável.
Mar a perder de vista, palmeiras mil, areia branca e um céu pra lá de azul num dia sem nuvens. Se desse sorte (ou azar) poderia também encontrar alguns índios. Quiosques vendendo cerveja e casquinha de siri, nem pensar! Corpos esparramados na areia, se bronzeando, também não!
Era uma época de crendices e superstições. Ao findar a Idade Média, a religiosidade estava em alta e o sagrado se misturava ao profano numa confusão infinita de sentimentos e emoções. Não se sabia ao certo o que se encontraria em alto mar e muito menos em terra firme. Monstros das mais malucas formas povoavam a mentalidade das pessoas. Os satélites ainda não vasculhavam a superfície do planeta e surpresas eram esperadas para onde se ia.
Embrenhar-se nas matas era um ritual de sustos. Alem das águas límpidas e cristalinas dos riachos, das suculentas e apetitosas frutas, a terra era habitada por feras carnívoras e nativos nem sempre amigáveis.
Os europeus encontraram aqui muitas coisas boas e outras nem tanto. Trouxeram também algumas coisas boas, outras horríveis. Trouxeram mais “sifilização” que civilização! As embarcações tinham condições precárias de higiene e junto com as pessoas, desembarcavam também a gripe, a varíola, a sífilis, os piolhos etc.
Gilberto Freire tem algumas teorias sobre o que aconteceu quando os portugueses desembarcaram no Brasil e aqui encontraram as índias.
Índias com i minúsculo!
Essa historia eu conto depois...
quarta-feira, 11 de abril de 2012
TEMPOS
Rastros de um passado que se foi. Histórias contadas á luz da lamparina a querosene que falam de pessoas, animais e assombrações. Tempos que se foram, mas que ainda permanecem na memória, embaçados e gastos pelo tempo. Imagens indeléveis que ainda teimam em continuar existindo porque deixaram marcas profundas. Pessoas queridas que viraram saudades. Outras que se transformaram e perderam a essência do que eram, parecendo também que já se foram!
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Foto dos arquivos de Rodolfo de Polli
Em Marialva, temos uma pessoa que constantemente é noticia nos rádios, jornais e na televisão. É um fenômeno midiático o português sem camisa, que segundo ele a ultima vez que usou camisa foi quando faleceu a sua mãe. No mais dos dias, com frio ou com calor, não bota camisa nem por Santa Maria.
Pois bem, esse português é uma memória viva da cidade. Aqui chegou pequenino, com o pai, mãe e dois irmãos nos meados do século passado. Instalaram uma serraria na cidade que funcionou por pouco tempo e exploravam algumas propriedades rurais. Conhece quase todos na cidade e se lembra de fatos interessantes.
Conta que antigamente, onde hoje é a Rua Etore Soldan, havia um pequeno aeroporto, um campo de aviação com se falava na época. O dono do posto Esso, Alcides Martins de Oliveira tinha um irmão que possuía um pequeno avião e era nesse pequeno espaço que fazia as manobras com a aeronave. Aterrissava onde hoje é o campo de futebol municipal, descia pela Etore Soldan, atravessava a linha do trem e estacionava ao lado do posto.
Pois esse camarada era piloto de verdade, com brevê e tudo. Um dos poucos que possuía esse documento na época. E numa de suas viagens pelo interior de São Paulo, foi parado pela policia rodoviária por estar em excesso de velocidade com seu automóvel. O policial, meio irônico se dirigiu ao motorista: - Você está voando meu amigo, onde está sua documentação de piloto?
Muito calmamente ele tirou do bolso o seu brevê e apresentou á autoridade!
quarta-feira, 4 de abril de 2012
HISTÓRIA DE PESCADOR ?
A PESCARIA DO WILSOM
O Wilson conta que certa vez foi pescar no Paranazão, com amigos. Para a casa da ilha levaram todas as tralhas de barco e se acomodaram do jeito que deu. Como não havia muitos quartos na casa, o Wilson foi escalado para ficar no antigo quarto do caseiro. Um detalhe: o caseiro havia falecido há pouco tempo e os amigos não pouparam recomendações e comentários para que a noite dele fosse cheia de sustos. O Wilson levou tudo na esportiva e aceitou de bom humor as brincadeiras dos amigos. Depois de muitas mentiras e latinhas amassadas resolveram descansar para o dia seguinte que prometia ser de muito “trabalho”.
Acordaram cedo, antes do meio dia. Durante a tradicional lavação de olhos e escovação de dentes por alguns mais higiênicos, o Wilson foi inquirido com relação á sua noite na ilha. Discretamente disse que a noite havia sido ótima, a não ser pela visita inesperada na madrugada, do rapaz que insistia em explicar os detalhes da casa e da ilha. Foi um silencio só! Cada um foi cuidar das suas coisas, preparar as tralhas e se ajeitar para a pesca. Ninguém comentou mais nada!
Depois de pescar um pouco, hora de descansar e repor as energias. Como os mantimentos haviam acabado (cerveja) o Danilo havia ido até o porto e para surpresa geral, voltou com o barco cheio de gente! Ele explica: ao chegar ao porto, quem ele encontra? A viúva do caseiro, com vários familiares tristes ainda com a recente perda. Todo eufórico relata para a família o ocorrido na ilha, de como o Wilson havia recebido a visita do morto na ultima madrugada! Claro que quiseram saber mais noticias sobre o falecido e tinha que conversar com a única pessoa que havia mantido contatos com ele.
O Wilson gelou! Havia inventado aquilo para tirar uma com os colegas e agora a coisa tomava dimensões astronômicas!
Não foi mole não! Explicar pra família que tudo não passara de uma brincadeira não foi fácil, mas era necessário. No fim, tudo se resolveu e o falecido pode descansar sossegado.
Parece mentira de pescador, mas o Wilson jura de pés juntos que o incidente realmente aconteceu!
terça-feira, 3 de abril de 2012
PRESENTE - PASSADO
Muitos dizem que as coisas melhoraram em comparação há algumas décadas atrás. Alguns dizem que pioraram e que antigamente é que era bom.
Antes tudo era difícil e trabalhoso. O esforço era mais físico do que mental. As distancias eram realmente grandes e os meios de transportes precários. Hoje, aeronaves de ultima geração percorrem todo o espaço do planeta em poucas horas. A internet coloca o universo inteiro dentro de nossas casas. Pesquisas e mais pesquisas são feitas para diminuir os nossos esforços físicos. Antes o ar era puro e saudável. Hoje é poluído e cancerígeno! Antes os rios eram límpidos e tinham peixes. Hoje são poluídos e tem mais lixo do que água! Antes, a impressão era de que o tempo passava. Hoje nos parece que voa!
Somos hoje mais felizes? Parece-me que não! A modernidade que veio para nos dar mais conforto falhou num detalhe: esqueceu de nos dar a consciência de que conforto significa ter mais tempo para ser feliz. Hoje, transformamos o tempo no nosso grande inimigo e corremos desembestados em busca de algo que não sabemos muito bem o que é, mas que perseguimos com todas as nossas forças. Vivemos tão deprimidos com o passado e ansiosos com o futuro que o dia de hoje passa despercebido.
Fugimos da nossa realidade nos concentrando na realidade dos outros, ou na falsa realidade, que chamamos de virtual. Perdemos a virtude de nos espantar com o desconhecido, porque tudo nos parece normal ou natural. Perdendo nossos valores essenciais, sentimos que um vazio enorme nos absorve e nos anula.
Valeu à pena trocar a paz e a tranqüilidade de uma vida simples pelas comodidades modernas? Não se sabe!
Teria jeito de ser diferente? Improvável!
O que sabemos é que a coisa está como está e só nos resta assimilar. Tentar aliar a tecnologia à felicidade. Usufruir da modernidade entendendo que ela é um meio e não um fim.
E se sobrar um tempinho nessa correria doida, sair pelos campos, chupar fruta no pé, respirar profundamente o restinho de ar puro que nos resta!
Como antigamente!
segunda-feira, 2 de abril de 2012
RECORDAÇÕES ESPARSAS
Da infância, somente algumas lembranças ainda sobram, embaralhadas e distantes. De sair, as vezes com meu pai, a pé ou de carroça e atravessar a cidade até a fabrica de guaraná do “Cabeça Branca” apelido de João Gomes Navarro. Ali degustava a bebida mais gostosa do mundo, recém fabricada, ainda quentinha depois de passar pela inspeção de qualidade: os olhos do Serginho, treinados para encontrar impurezas na bebida.
Lembro-me também da Casa Ferreira, um secos e molhados de amigos portugueses onde o José Português servia o balcão, ao mesmo tempo em que vendia ferramentas que se amontoavam nos fundos. Futuramente se transformou na Casa Benites, mas as funções não se alteraram e lá nos fundos sempre havia uma roda barulhenta de truco, regada a doses de pinga e cerveja. Vez em quando chegava o Seu Afonso, fiscal da saúde municipal, com sua infalível pasta preta debaixo do braço, fazendo a ronda pelo comercio.
Na memória ficaram também os passeios na casa do padrinho Bernardino, onde a madrinha nos servia café com pão e queijo feito com o leite tirado das vacas que pastavam por entre as toras da velha e já desativada serraria. Essa serraria abandonada era o nosso deleite para brincar. Havia os porões, o trole sobre trilhos que era a nossa locomotiva e milhares de lugares bons pra brincar de esconde-esconde. Só tinha que tomar cuidado com as vacas, porque algumas eram brabas e corriam atrás da gente! Ali, passávamos todo o nosso dia, brincando, comendo amoras e pêssegos no pasto. No final do dia o Toninho Moreira nos levava prá casa no sítio, de Lambreta, ou o Migo no caminhão de toras, depois de devidamente abençoados pela madrinha!