Faustino Antunes

sexta-feira, 27 de abril de 2012

CAUSOS DE BARBEARIA


O Edson é uma daquelas pessoas com que você fica á vontade, não importa o momento ou o assunto. Pescador dos bons, mentiroso só de vez em quando, já tive a oportunidade de participar de algumas pescarias com ele e de desfrutar do seu infinito bom humor. Tem para contar, algumas estórias pitorescas, que ele garante que aconteceram com familiares seus.
Uma dessas estórias ele diz que aconteceu com seu pai. Cabeleireiro muito antigo em Marialva, desde o tempo em que eram chamados de barbeiros e que a afiadíssima navalha era o único instrumento para se fazer a barba do freguês.  Um dia, no salão do Dinho entrou um matuto que parecia ter vindo direto do interior de Minas Gerais. Calças pula-brejo, botina de sola de pneu, camisa xadrez e um velho chapéu de palha na cabeça. Meio sem jeito, cheio de vergonha, entrou parecendo estar sendo arrastado feito gado pra chincha.
-O sinhô corta cabelo igual no sitio? Claro que sim! O Dinho não ia perder o freguês. Os cortes antigamente eram quase todos iguais!
Dá-lhe tesoura por todos os lados da cabeça: tic... tic... tic... Serviço pronto, o Dinho tirou a toalha dos ombros do caipira, já ia dar o preço do serviço, quando o homem dispara:
- Agora o sinhô senta aí na cadeira!
Como assim? O barbeiro não entendeu patavina!
-O sinhô não disse que cortava cabelo igual no sitio? Pois no sitio é assim: um corta o cabelo do outro e o outro corta o cabelo do um!

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