Faustino Antunes

quinta-feira, 12 de abril de 2012

GRANDES NAVEGAÇÕES

Sempre que estou numa praia, exerço a minha condição de historiador. Ponho-me a imaginar como seria chegar numa praia deserta, por volta de mil e quinhentos. Desembarcar de uma caravela, depois de meses enfrentando os perigos dos oceanos, a fome e todas as demais dificuldades da época. Depois do grito eufórico de “terra à vista”, com as primeiras gaivotas a visitar a embarcação, a deliciosa sensação de por os pés na areia fofa e logo mais sentir a terra firme depois de tanto tempo se equilibrando num chão instável.

Mar a perder de vista, palmeiras mil, areia branca e um céu pra lá de azul num dia sem nuvens. Se desse sorte (ou azar) poderia também encontrar alguns índios. Quiosques vendendo cerveja e casquinha de siri, nem pensar! Corpos esparramados na areia, se bronzeando, também não!

Era uma época de crendices e superstições. Ao findar a Idade Média, a religiosidade estava em alta e o sagrado se misturava ao profano numa confusão infinita de sentimentos e emoções. Não se sabia ao certo o que se encontraria em alto mar e muito menos em terra firme. Monstros das mais malucas formas povoavam a mentalidade das pessoas. Os satélites ainda não vasculhavam a superfície do planeta e surpresas eram esperadas para onde se ia.

Embrenhar-se nas matas era um ritual de sustos. Alem das águas límpidas e cristalinas dos riachos, das suculentas e apetitosas frutas, a terra era habitada por feras carnívoras e nativos nem sempre amigáveis.

Os europeus encontraram aqui muitas coisas boas e outras nem tanto. Trouxeram também algumas coisas boas, outras horríveis. Trouxeram mais “sifilização” que civilização! As embarcações tinham condições precárias de higiene e junto com as pessoas, desembarcavam também a gripe, a varíola, a sífilis, os piolhos etc.

Gilberto Freire tem algumas teorias sobre o que aconteceu quando os portugueses desembarcaram no Brasil e aqui encontraram as índias.

Índias com i minúsculo!

Essa historia eu conto depois...

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