Faustino Antunes

segunda-feira, 2 de abril de 2012


RECORDAÇÕES ESPARSAS

Da infância, somente algumas lembranças ainda sobram, embaralhadas e distantes. De sair, as vezes com meu pai, a pé ou de carroça e atravessar a cidade até a fabrica de guaraná do “Cabeça Branca” apelido de João Gomes Navarro. Ali degustava a bebida mais gostosa do mundo, recém fabricada, ainda quentinha depois de passar pela inspeção de qualidade: os olhos do Serginho, treinados para encontrar impurezas na bebida.

Lembro-me também da Casa Ferreira, um secos e molhados de amigos portugueses onde o José Português servia o balcão, ao mesmo tempo em que vendia ferramentas que se amontoavam nos fundos. Futuramente se transformou na Casa Benites, mas as funções não se alteraram e lá nos fundos sempre havia uma roda barulhenta de truco, regada a doses de pinga e cerveja. Vez em quando chegava o Seu Afonso, fiscal da saúde municipal, com sua infalível pasta preta debaixo do braço, fazendo a ronda pelo comercio.

Na memória ficaram também os passeios na casa do padrinho Bernardino, onde a madrinha nos servia café com pão e queijo feito com o leite tirado das vacas que pastavam por entre as toras da velha e já desativada serraria. Essa serraria abandonada era o nosso deleite para brincar. Havia os porões, o trole sobre trilhos que era a nossa locomotiva e milhares de lugares bons pra brincar de esconde-esconde. Só tinha que tomar cuidado com as vacas, porque algumas eram brabas e corriam atrás da gente! Ali, passávamos todo o nosso dia, brincando, comendo amoras e pêssegos no pasto. No final do dia o Toninho Moreira nos levava prá casa no sítio, de Lambreta, ou o Migo no caminhão de toras, depois de devidamente abençoados pela madrinha!

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