Faustino Antunes

sábado, 29 de janeiro de 2011

A MÃO E A PEDRA


Se és juiz, e não queres manchar a toga.
E á tua frente jaz, a pecadora inerte.
E o seu olhar te fita e também te fere
E em silencio, te pede clemência.

E se na mão sentires o peso da pedra
E se teu coração bater em descompasso
E tua razão te diz pra não erguer o braço
Contra o olhar que implora e também te acusa.

E se lutas feito animal ferido
E no teu âmago sentes que o coração vacila
E a consciência luta para não ser injusta
E a balança pende para o lado oposto

Se justiceiras pedras caem ao teu lado,
Pois julgadores no mundo há de sobra.
Não faça com elas um escudo falso
Como quem labuta na seara alheia

E se te negas a dar o teu veredicto.
Porque julgar, convenha, a ti não compete.
E com o tempo, a vida faz seu julgamento.
Porque que carregas n’alma um maior pecado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário