Faustino Antunes

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011


ZE PASSARINHO


Lá pros cafundós da estrada Caraná vivia o Zé Passarinho, figura pitoresca que colecionava todos os tipos de animais possíveis de se ter por perto de casa. E por falar em casa, a do Zé também tinha uma particularidade única: todo mundo na roça cerca a casa para os animais não entrarem, pois o Zé cercava a sua para os animais não saírem! E imaginem uma casa cheia de galinhas, patos, marrecos, gansos, porcos, coelhos e tudo mais! Dentro, a fertilidade era maior que fora!
E como não poderia deixar de ser, o Zé era um exímio negociador. De animais, é claro! Por onde passava, era um escambo só! Sabia quantas galinhas valiam um pato, quantos patos valiam um peru e outras manhas. Os centavos das trocas eram os ovos e serviam para arredondar a conta ou pra ajudar a concretizar um negocio difícil. Se o interlocutor se mostrava reticente, dá-lhe ovos!
E pra todo lugar que ia, sempre levava algum bicho para um eventual negocio. Sempre se podia encontrá-lo pelas estradas, com um saco ás costas e um ou vários animais se contorcendo dentro. Não se podem perder oportunidades!
Um dia, antes de pegar o ônibus que ia de Cambuí para Marialva, o Zé se encantou com um belo cacho de bananas dando sopa na beira da estrada. Botou o cacho no fundo do saco e por cima acomodou o ganso que havia trazido de casa. Acontece que alguns passageiros gozadores desconfiaram do tamanho desproporcional do bicho e pediram para ver. O Zé puxou meio palmo de pescoço do ganso de dentro do saco e apresentou aos inquisidores. Estes ainda não satisfeitos pediram para ver o animal todo, ao que o Zé respondeu irritado:
- Tem disso não. Viu a cabeça, viu tudo!

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