Faustino Antunes

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011



MOLEQUES VS FRUTAS

Moleques de verdade,que moravam no sitio, viviam encarrapitados nas arvores á procura de frutas. As molecas também não ficavam para traz! As mangas eram um caso á parte e a partir da florada, todo mundo acompanhava a evolução das frutinhas, esperando ansiosos que elas crescessem e amadurassem. As primeiras que coloriam e amoleciam eram disputadas a tapa e o dono era o que primeiro via a fruta nem que fosse num lugar impossível de ser colhida. Viu, é dono e acabou-se!
Se á noite chovia, cedinho era hora de fazer a colheita dos frutos derrubados pelo vento. No final da safra a molecada era pura pereba, que sangue já nem tinha mais no corpo: era puro caldo de manga que circulava pelas veias e artérias. Pisar num exemplar podre com uma abelha por baixo era sinal de pé inchado e muito choro. Faca não se usava para chupar manga: era batida no joelho ou numa pedra até ficar molinha, fazer um furinho na extremidade oposta ao pedúnculo e chupar o caldo grosso até esvaziar. Depois era chupar o caroço até ficar branco como as barbas do Papai Noel.
Jabuticaba era um perigo! O pé, com seu tronco preto de tanta fruta era coisa linda de se ver e dava água na boca! A molecada entrava de sola e esquecia da vida! De vez em quando tinha que engolir uma casca, senão entupia mesmo!
Tangerina era moeda de troca na escola. Era costume dizer que o povo da cidade ia ao sitio para chupar tangerina e o povo do sitio ia à cidade para chupar sorvete. Eram enormes, viçosas como não se vê mais. Nos pés de laranja constantemente se achavam ninhos de sabiás.
Chupar cana era divertimento coletivo. Ia-se ao canavial e furava-se a casca com a pontinha da faca ou canivete. Se ela estalava era macia e doce. Juntava-se uma rodinha, contavam-se causos e piadas e dá-lhe chupar cana. No final era uma bagaceira só!
Encontrar melancia grande no meio da plantação de arroz era uma festa! Partida ao meio em cima de um toco, só o miolinho cor de sangue era consumido, porque havia fartura na roça e não precisava economizar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário