Faustino Antunes

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

EGO

FERA


Carrego em mim uma fera insaciável,
Que me devora, me consome, me domina.
A quem eu alimento dia e noite, eternamente.
E nunca está contente.

Vive em mim, está em mim, mas não sou eu,
E desde o meu primeiro choro,
Quando a luz aconteceu,
Deu-me o braço e nos fundimos
E nunca mais nos separamos.

Batemos-nos como dois gladiadores
Travamos batalhas mortais
Pra ver quem pode mais
E quase sempre posso menos

Esse meu pedaço carente e sedutor
Tão pequenino que se faz gigante
Que chora, se escabela e esperneia
Faz ouvidos moucos à razão.
E vive eternamente insatisfeito

Eu o observo, e geralmente o satisfaço.
Obedeço e dou-lhe sempre o que deseja.
Alimentando-o com meus pensamentos
Para satisfazer essa criança sem limites.

E assim eu vivo, com meu ego a tiracolo,
Por ele transito entre o passado e o futuro
Fugindo do agora, do hoje, do meu “carp diem”.
Servindo esse pilantra que me suga,
Se confundindo com minha própria existência.

Faustino

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