Faustino Antunes

quinta-feira, 8 de julho de 2010

GRATIDÃO

Almoçava o meu frango, o cão e o gato
comiam ao meu redor o resto
dos ossos que saíam do meu prato.
E patrão honesto,
vigiei sem preguiça
a distribuição
com toda justiça
e sem distinção.

Mas uma vez vazio o prato eu,
vendo o gato sair, disse: - Que foi?...
Vai-se embora?.. - Decerto, respondeu,
pois o frango também já não se foi?...

O contrário, porém, com o cão se deu,
que em alegria acesa,
me veio ao colo e minha mão lambeu.
Eu disse: - Bravo! Mostras à nobreza,
q'inda há no mundo alguma coisa sã.
E ele respondeu: - Sim, com certeza,
pois outro frango teremos amanhã.

(Trilussa - tradução de Paulo Duarte).

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