Faustino Antunes

terça-feira, 6 de julho de 2010

MAIS UM POUCO DA HISTÓRIA DA UVA

Segundo M. Pio Correa, em seu” Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas”, a videira é uma trepadeira de caule espesso e resistente, verde quando jovem, tornando-se escuro posteriormente. Folhas grandes, divididas em lobos, com uma leve pilosidade esbranquiçada em sua superfície e flores creme-esverdeadas e pequenas. Os frutos são de formato arredondado ou elipsóide, podendo ser brancos, verdes, amarelos, rosados, vermelhos ou azulados, de acordo com a variedade. A polpa é aquosa e pode envolver até quatro sementes de coloração escura.
Pesquisadores datam o inicio do cultivo da uva, de há 4.000 anos, mas a localização no tempo, das primeiras produções de vinho ainda é incerta. Escavações na Turquia, na Síria, no Líbano e na Jordânia, indicam a presença de uvas no seu estado selvagem, a cerca de 8.000 anos antes de Cristo.
Fruta difícil de transportar e conservar, o homem logo aprendeu a aproveitar os valores e as delícias embriagantes da uva. Por sua alta concentração de açúcares, o processo de fermentação de uvas gera uma bebida de teores alcoólicos variáveis que superou muito o vinho feito de outras frutas.
Acredita-se que por volta do ano 600 aC, o homem aprendeu a podar a videira para obter uma maior carga de frutos. Conta uma lenda que foi um asno e não um homem que descobriu a técnica da poda, ao comer os ramos e as folhas verdes de uma videira. Pode até ser uma anedota, mas poderia ter acontecido realmente.
Acredita-se que as primeiras uvas originaram-se na Ásia, tendo sido introduzidas na Península Itálica e na Europa pelos povos gregos. Foram os romanos, por sua vez, que transformaram a viticultura em um comercio lucrativo, enchendo as paisagens mediterrâneas de videiras. As uvas de então, ainda por vários séculos, destinavam-se basicamente á produção de vinho.
No Brasil, as uvas chegaram com os primeiros colonizadores portugueses. Há indícios de que ela foi introduzida em 1532 por Martin Afonso de Souza, mas o verdadeiro desenvolvimento da viticultura comercial só ocorreu a partir de meados do século dezenove, com os imigrantes portugueses e italianos. Nossos antecedentes europeus trouxeram também na bagagem, o tradicional costume de consumir vinho que rapidamente caiu no gosto do brasileiro.
Há cerca de 10 mil variedades diferentes de uvas adaptadas a vários tipos de solo e clima, o que possibilita o seu cultivo em quase todas as regiões do mundo. Sendo frutas bastante sensíveis ás condições do solo e do clima em que se desenvolvem, as uvas variam muito de acordo com essas condições, apresentando características que as distinguem segundo o sabor, a acidez, a doçura, o formato, a coloração e a resistência da casca, o tamanho, a quantidade de sementes, a forma e o formato dos cachos.
Conforme o Engenheiro Agrônomo Jose Odair Mazia, em Marialva, as variedades mais cultivadas são as chamadas uvas finas de mesa. Os primeiros pés foram plantados no ano de 1962 por produtores de café de origem japonesa, atraídos pelos bons resultados econômicos obtidos por patrícios seus no município paulista de Pilar do Sul.
No inicio, encontraram vários problemas em virtude do desconhecimento do manejo, principalmente com relação ás podas, mas a partir de experiências, conseguiram fazer com que as parreiras tivessem uma boa produção. A partir de 1975, com os cafezais paranaenses dizimados pela grande geada, a uva fina de mesa no município de Marialva, tornou-se uma opção viável para os pequenos produtores.
Hoje Marialva deve uma grande parte do seu desenvolvimento ao cultivo da uva. Novas técnicas e novas variedades vão sendo acrescentadas a cada ano e apesar de algumas dificuldades, principalmente com relação á comercialização, pode-se afirmar com certeza,que foi muito bom para o município a idéia de se produzir uvas finas no interior do Paraná.


este texto é parte do trabalho da disciplina de METEP do curso de História da UEM, apresentado em 2006 por Faustino F. Antunes.

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