Faustino Antunes

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A CULTURA DO CAFÉ


Na região de Marialva, Noroeste do Paraná, antes da geada de 1975, não se praticava a monocultura. A uva de mesa e a soja ainda não haviam chegado à região e praticamente todas as propriedades possuíam pelo menos um talhão plantado com café. Os espaçamentos entre os cafeeiros eram feitos de maneira que pudessem ser aproveitados para outras culturas. Milho, feijão e arroz conviviam com os pés de café e os sitiantes raramente procuravam esses produtos nos mercados, pois produziam o suficiente para os seus gastos.
Em setembro aconteciam as floradas, quase sempre em numero de três e logo depois que as flores caíam, no seu lugar surgiam pequenos frutos. Com o desenvolvimento destes, era hora de começar a arruação, ou seja, de se preparar o terreno para a colheita. Todos os ciscos e folhas juntamente com a terra irregular eram retirados de baixo dos pés, fazendo-se um cordão no meio das ruas. Quando o café amadurecia, iniciava-se a colheita com a derriça, que consistia em derrubar os grãos no chão, com as mãos ou com a ajuda de um porrete se eles estivessem bem secos.
Depois da derriça, aí é que vinha o serviço das crianças, na limpeza dos troncos com uma vassourinha ou com as próprias mãos, afastando as palhas do tronco dos cafeeiros, juntamente com aranhas e cobras que estivessem ali escondidos.
Na parte final da colheita os grãos eram então amontoados com a ajuda de um rastelo de madeira e arame e finalmente abanados em peneiras e armazenados em grandes sacos de lona, conhecidos como sacos “coronel” Depois era só levar a produção para os terreiros de tijolos para a secagem.
A secagem era uma historia á parte. O café era espalhado pelo terreirão e com um rastelo se faziam leiras que eram mudadas varias vezes ao dia para facilitar a penetração dos raios de sol. De tardezinha, antes de ele esfriar, era amontoado em grandes montes e coberto com encerados “Locomotiva” para conservar a temperatura adquirida durante o dia. Isso acontecia durantes vários dias, até que atingisse a umidade necessária para o armazenamento, que era feito nas tulhas e ali ficava o tempo necessário até que fosse comercializado.
Muito trabalhosa a cultura do café. Os trabalhadores laboravam de sol a sol na derriça, no rastelo ou na peneira e ao cair a tarde, só se enxergavam os olhos, de tanta poeira acumulada.

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