Faustino Antunes

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


O TIO ZÉ


O tio Zé era uma figura ímpar! Sempre brincalhão, nunca parava quieto e ai de quem estivesse perto dele! Quando fazia a barba, passava espuma na cara de qualquer criança que passasse por ali. Grande contador de causos e historias, gostava de me chamar de "rabataxas", o que nunca soube o que era. Quando vinha de Mandaguaçu passar alguns dias conosco, era uma alegria. Certa vez, chegou com um saco com meia dúzia de coelhos nas costas, contando divertido que tivera o maior trabalho para esconder do motorista do ônibus que trazia uma carga viva, o que era proibido. Um dos animais não suportou o suplicio dentro do saco e morreu no caminho!
Um dia, caminhávamos com ele pela roça, entre os pés de café, quando tivemos a infeliz idéia de mostrar-lhe uma enorme caixa de maribondos que havíamos encontrado dias antes. Chegou perto da bichona com todo cuidado para admirar o tamanho, seguido pela molecada. De repente, num golpe rápido, deu um baita soco no ninho dos marimbondos e desandou a correr para não ser picado. A molecada, pega de surpresa, vazou em todas as direções, levando no peito galhos de café, pés de milho e o que mais havia pela frente, batendo as mãos nos cabelos para afugentar os intrusos que os seguiam. Mais tarde nos encontramos para mostrar as marcas nos braços, pernas e rostos, deixados pelos insetos atiçados pelo tio Zé, que não foi picado uma única vez!

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