Faustino Antunes

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010



VIDA NO SITIO


“Bom mesmo era a infância no sitio, não porque era no sitio, mas porque era na infância”.


A frase acima, que já vi em vários lugares, escrita de varias maneiras e que até hoje não descobri o autor, fala de uma realidade inquestionável: os valores das nossas lembranças dependem muito da época ou do nosso estado de espírito.
A vida no sitio não era lá muito fácil. Desde pequeno já tinha as minhas responsabilidades, fossem elas capinar o dia inteiro, recolher os ovos das galinhas (que tinha que ser feito diariamente), tratar e dar água para os porcos, etc.
Era um pequeno sitio com aproximadamente quatro mil pés de café. Nas entrelinhas plantávamos milho, feijão, arroz e essa cultura diversificada nos dava trabalho o ano inteiro. O plantio do milho era feito geralmente com as primeiras chuvas da primavera, às vezes feito na matraca, outras vezes em covas feitas no enxadão. Quando os pés já estavam secos, havia na época a pratica de dobrá-los para que a água da chuva não afetasse demais os grãos nas espigas. Posteriormente o milho era colhido e amontoado na roça em montes chamados “bandeiras”, recolhido em balaios e levado para o paiol na carroça de tração animal.
O feijão era plantado na matraca e alguns meses depois arrancado á mão e batido na roça mesmo sobre panos, com um instrumento que chamávamos de cambau. Até hoje as costas doem só de lembrar das colheitas de feijão.
O arroz, quando as espigas estavam douradas, era cortado com um instrumento especifico e batido em bancas, levado para uma pequena secagem nos terreiros e finalmente guardado nas tulhas.

As crianças estudavam na parte da manhã e depois do almoço ninguém refugava para não apanhar: era pegar o caminho da roça e o relógio que marcava o final do dia era o sol! Folga somente no domingo que era dia de missa e de frango na panela!

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