Faustino Antunes

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


METROPOLITANO


No busão superlotado
Ser feliz é complicado
Mas tentar tá liberado


Um passinho, minha gente!
Que assim cabe todo mundo
Cada um se ajeitando
No final dá tudo certo
Mas não encosta na comadre
Que senão o braço come!
Pra amansar cabra safado
Pode crer que aqui tem “home”


Mãos grandes e calejadas
Esmagam o celular:
- tô de mercedes minha véia,
de chofer particular
- apresse o rango, adoçe o suco
põe a pinga pra gelar!
- mexe logo esse bundão,
Que eu não tardo a chegar!


Lá no fundo o Severino,
Se equilibra como pode.
Barba rala enfeita a cara.
Brim azul e fujiwara.
A marmita completa a grife,
Que é a onda do momento.
Combinando c’a camisa,
Estampada de cimento


Garotão disfarça e olha,
Pro decote exagerado.
Enquanto a patricinha,
C’a maior cara de enfado,
Se protege como pode,
Do sovaco reticente,
Do mau hálito caliente,
Desse proletariado.


Eu só olho e reconheço,
Ser feliz é só querer.
E no busão superlotado,
É só você olhar pro lado,
Pra sentir a alegria.
É a grande diversidade,
Indo e vindo todo o dia,
Com um “q” de novidade.

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