quinta-feira, 29 de novembro de 2012
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
LARANJAS, ABACAXIS E PEPINOS
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
DIANTE DE TI, A VIDA E A MORTE!
O machado mata
a mata
O ser humano mata
a própria vida
Reclamamos que precisamos derrubar matas para poder nos alimentar. Jogamos lixo pelas ruas e praças como se fosse a coisa mais natural do mundo!
Porque será que não chove, meu Deus!
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
MOLEQUE
quarta-feira, 27 de junho de 2012
FOGÃO E PILÃO
terça-feira, 19 de junho de 2012
UMA FOTO POR DIA
PIMENTA
Arde!
Queima!
Mas é bom
Só não pode ser demais.
Bom com sorvete
Bom com chocolate
E no dos outros...é refresco!
quinta-feira, 14 de junho de 2012
segunda-feira, 11 de junho de 2012
ÁGUA PRÁ BEBER
Água da bica
Da mina d’água
Que vem das entranhas
Da terra
Água do poço
Que vem lá de baixo
No balde pingando
No sarilho rodando
Água da chuva
Que vem lá da nuvem
Cai no telhado
E depois na pingueira.
Sacia a sede
E faz refrescar
Fazendo em silencio
A vida medrar
quarta-feira, 6 de junho de 2012
NAVEGAR E VIVER
Navegar é preciso
Viver, não é preciso
Diria o poeta
Viver é impreciso
É processo confuso
É ambíguo, difuso
Navegar são certezas
São metas traçadas.
Desenhos pensados
Viver são angustias
Caminhos incertos
Vagos projetos
O que importa é saber
Onde se quer estar
Se na vida ou no mar!
segunda-feira, 4 de junho de 2012
CAFÉ
Café, sabor, perfume
Aroma suave das manhãs
Que vem discretamente
Anunciar que o dia começou
Café com pão
Café com leite
Café pretinho
Puro deleite
Abençoada seja a Arábia
Por essa deliciosa dádiva
Por fazer as nossas manhãs
Durarem o dia todo
Café pra dizer
Seja bem vindo á minha casa
Esteja á vontade
Seja feliz!
quinta-feira, 31 de maio de 2012
UMA FOTO POR DIA
quarta-feira, 30 de maio de 2012
UMA FOTO POR DIA
segunda-feira, 28 de maio de 2012
quinta-feira, 24 de maio de 2012
DIVAGAÇÕES
ÓCIO CAIPIRA
Bom mesmo é descobrir a fruta no meio das ramagens, colhe-la improvisando um gancho com um galho, sentar numa pedra ou num toco e saboreá-la calmamente sem preocupação. Não importa pra que lado o mundo gira, o preço do dólar, a queda da bolsa ou a crise na Europa. Importa é não ter pressa, exercitar as papilas gustativas com muita pachorra, ao som de chilrear dos pássaros, com o sabor da fruta se misturando ao cheiro do capim seco. Isso se chama paz!
segunda-feira, 21 de maio de 2012
RESTOS DE COISAS
Ruínas
Restos de alguma coisa
Que hoje são apenas restos
Esquecidos, deslembrados!
O tempo
O tempo e o vento
E às vezes o sofrimento
E o dia-a-dia!
O tac depois do tic,
De uma maquina indolente
Num monjolo indiferente
Num sotaque entorpecido!
A água que pinga
Cada dia uma pinga
Cada dia uma gota
A gota d’água!
Tudo isso
Ás vezes nos faz pensar
A felicidade existe,
Mas demora a funcionar!
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Não, não é a primavera,
Que chega
É o inverno
Que bate á porta!
Tempo de assoprar
Pra ver a fumaça saindo da boca
Tempo de meter as mãos nas luvas
Quem as tiver!
Tempo pra pensar em entrar no banho
Pra pensar em sair do banho
Pensar em se deitar
E chorar pra levantar!
É tempo de enfrentar o frio
Com tudo que é quente
Com pipoca, cobertor
E com o coração da gente!
terça-feira, 8 de maio de 2012
UMA FOTO POR DIA
segunda-feira, 7 de maio de 2012
DE VEZ EM QUANDO, UM POEMA
sexta-feira, 4 de maio de 2012
NO BALANÇAR DO BALANÇO
quinta-feira, 3 de maio de 2012
UMA FOTO POR DIA
quarta-feira, 2 de maio de 2012
CINE MARIALVA
UMA FOTO POR DIA

segunda-feira, 30 de abril de 2012
UMA FOTO POR DIA
sábado, 28 de abril de 2012
UMA FOTO POR DIA
Dália, para mim a flor mais antiga do mundo. No pequeno jardim, perto de casa, minha mãe era uma eximia plantadora de flores, principalmente dálias. Até hoje o cheiro dessa flor me faz voltar no tempo e ainda me enfeitiça. É o perfume de uma época, gravado no coração de um menino
sexta-feira, 27 de abril de 2012
CAUSOS DE BARBEARIA
quinta-feira, 26 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
LOUVOR
sexta-feira, 20 de abril de 2012
MALLEUS MALEFICARUM
A BRUXA
Numa noite de intenso temporal
quarta-feira, 18 de abril de 2012
COISAS ANTIGAS
FOGÃO Á LENHA
Peça imprescindível nas cozinhas rurais há quarenta anos. Era polivalente, pois alem de proporcionar uma alimentação deliciosa, sempre com um saborzinho de bacon, estourávamos pipocas nas suas cinzas, que a mãe chamava de “freiras”. Servia também para acalmar tempestades, pois ali queimávamos os ramos bentos abençoados no domingo de ramos. Nas suas bocas, a chaleira de ferro era presença constante para o café, o chá de arruda para os vermes e até mesmo para o banho de carretilha. Aos domingos não faltava o frango ao molho e de manhã o bolinho de chuchu com café preto. Ao redor, para aproveitar a fumaça abundante que enchia a casa de fuligem, as lingüiças caseiras se defumavam e ás vezes eram assadas no espeto. O registro, na chaminé de manilha, regulava o movimento do fogo. Nas manhãs frias era um ótimo aquecedor de ambiente.
Bom mesmo era acordar cedinho, antes de ir pra escola e sentir o cheirinho delicioso do café sendo preparado.
terça-feira, 17 de abril de 2012
GILBERTO FREIRE
“A luxuria dos indivíduos, soltos sem família, no meio da indiada nua, vinha a servir a poderosas razões do Estado no sentido de rápido povoamento mestiço na nova terra. O ambiente em que começou a vida brasileira foi quase uma intoxicação social. O europeu saltava em terra escorregando em índia nua; os próprios padres da Companhia de Jesus precisavam descer com cuidado, senão atolavam o pé em carne. Muitos clérigos, dos outros, deixaram se contaminar pela devassidão. As mulheres eram as primeiras a se entregar aos brancos, as mais ardentes indo esfregar-se nas pernas desses que supunham deuses. Davam-se ao europeu por um pente ou um caco de espelho”
O texto acima é um excerto do livro de Gilberto Freire “Casa Grande & Senzala” onde o autor procura retratar o pensamento do brasileiro. Publicado no Rio de Janeiro em setembro de 1933, depois de inúmeras edições, esse livro ainda nos instiga a repensar o inicio da colonização do Brasil e qual o peso dessa colonização na formação do pensamento do povo brasileiro. É uma obra de fundamental importância e continua seduzindo pelas suas teorias emblemáticas.
Segundo Freire, a convivência entre a casa grande e a senzala foi grande e importante. Havia uma estreita ligação entre ambos e isso influenciou no surgimento de um povo com características próprias e únicas para formar o que somos hoje. Desde o primeiro contato com as índias, nos primeiros momentos, e depois com a convivência com as escravas, o apelo sexual dos portugueses foi muito forte.
Portugal sempre foi um país de características cosmopolitas, em conseqüência da sua localização estratégica. Situado num entroncamento de mares e continentes, o pequeno pais lusitano sempre recebeu e conviveu com pessoas do mundo todo. O português, teoricamente sempre foi um povo aberto ao relacionamento com povos estranhos e ao chegar ao Brasil foi logo fazendo amizades e espalhando as suas sementes no fértil terreno dos trópicos.
Mais tarde, com a escravidão, mais uma injeção de vitamina na libido lusitana. As férteis negras deixaram-se seduzir pelos sinhôs e com eles inventaram o ícone sargenteliano: as mulatas!
A realidade dos fatos é claro, ninguém conhece. Mas se formos escovar a historia á contrapelo, como nos sugere o alemão Walter Benjamin, descobriremos que essa harmonia é certamente exagerada. Dono da situação, o senhor com certeza não fazia questão de cortejar as escravas. Sua palavra era lei e para não sofrer castigos elas se entregavam sem resistência aos mais animalescos instintos. A isso se soma o fato da sinhá muitas vezes enciumada pela traição do marido, maltratar as suas mucamas.
Mas Gilberto Freire ainda é um fenômeno! Vale à pena conhecer as suas idéias, assim como as de Caio Prado Junior e Sergio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil).
quinta-feira, 12 de abril de 2012
GRANDES NAVEGAÇÕES
Sempre que estou numa praia, exerço a minha condição de historiador. Ponho-me a imaginar como seria chegar numa praia deserta, por volta de mil e quinhentos. Desembarcar de uma caravela, depois de meses enfrentando os perigos dos oceanos, a fome e todas as demais dificuldades da época. Depois do grito eufórico de “terra à vista”, com as primeiras gaivotas a visitar a embarcação, a deliciosa sensação de por os pés na areia fofa e logo mais sentir a terra firme depois de tanto tempo se equilibrando num chão instável.
Mar a perder de vista, palmeiras mil, areia branca e um céu pra lá de azul num dia sem nuvens. Se desse sorte (ou azar) poderia também encontrar alguns índios. Quiosques vendendo cerveja e casquinha de siri, nem pensar! Corpos esparramados na areia, se bronzeando, também não!
Era uma época de crendices e superstições. Ao findar a Idade Média, a religiosidade estava em alta e o sagrado se misturava ao profano numa confusão infinita de sentimentos e emoções. Não se sabia ao certo o que se encontraria em alto mar e muito menos em terra firme. Monstros das mais malucas formas povoavam a mentalidade das pessoas. Os satélites ainda não vasculhavam a superfície do planeta e surpresas eram esperadas para onde se ia.
Embrenhar-se nas matas era um ritual de sustos. Alem das águas límpidas e cristalinas dos riachos, das suculentas e apetitosas frutas, a terra era habitada por feras carnívoras e nativos nem sempre amigáveis.
Os europeus encontraram aqui muitas coisas boas e outras nem tanto. Trouxeram também algumas coisas boas, outras horríveis. Trouxeram mais “sifilização” que civilização! As embarcações tinham condições precárias de higiene e junto com as pessoas, desembarcavam também a gripe, a varíola, a sífilis, os piolhos etc.
Gilberto Freire tem algumas teorias sobre o que aconteceu quando os portugueses desembarcaram no Brasil e aqui encontraram as índias.
Índias com i minúsculo!
Essa historia eu conto depois...
quarta-feira, 11 de abril de 2012
TEMPOS
Rastros de um passado que se foi. Histórias contadas á luz da lamparina a querosene que falam de pessoas, animais e assombrações. Tempos que se foram, mas que ainda permanecem na memória, embaçados e gastos pelo tempo. Imagens indeléveis que ainda teimam em continuar existindo porque deixaram marcas profundas. Pessoas queridas que viraram saudades. Outras que se transformaram e perderam a essência do que eram, parecendo também que já se foram!
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Foto dos arquivos de Rodolfo de Polli
Em Marialva, temos uma pessoa que constantemente é noticia nos rádios, jornais e na televisão. É um fenômeno midiático o português sem camisa, que segundo ele a ultima vez que usou camisa foi quando faleceu a sua mãe. No mais dos dias, com frio ou com calor, não bota camisa nem por Santa Maria.
Pois bem, esse português é uma memória viva da cidade. Aqui chegou pequenino, com o pai, mãe e dois irmãos nos meados do século passado. Instalaram uma serraria na cidade que funcionou por pouco tempo e exploravam algumas propriedades rurais. Conhece quase todos na cidade e se lembra de fatos interessantes.
Conta que antigamente, onde hoje é a Rua Etore Soldan, havia um pequeno aeroporto, um campo de aviação com se falava na época. O dono do posto Esso, Alcides Martins de Oliveira tinha um irmão que possuía um pequeno avião e era nesse pequeno espaço que fazia as manobras com a aeronave. Aterrissava onde hoje é o campo de futebol municipal, descia pela Etore Soldan, atravessava a linha do trem e estacionava ao lado do posto.
Pois esse camarada era piloto de verdade, com brevê e tudo. Um dos poucos que possuía esse documento na época. E numa de suas viagens pelo interior de São Paulo, foi parado pela policia rodoviária por estar em excesso de velocidade com seu automóvel. O policial, meio irônico se dirigiu ao motorista: - Você está voando meu amigo, onde está sua documentação de piloto?
Muito calmamente ele tirou do bolso o seu brevê e apresentou á autoridade!
quarta-feira, 4 de abril de 2012
HISTÓRIA DE PESCADOR ?
A PESCARIA DO WILSOM
O Wilson conta que certa vez foi pescar no Paranazão, com amigos. Para a casa da ilha levaram todas as tralhas de barco e se acomodaram do jeito que deu. Como não havia muitos quartos na casa, o Wilson foi escalado para ficar no antigo quarto do caseiro. Um detalhe: o caseiro havia falecido há pouco tempo e os amigos não pouparam recomendações e comentários para que a noite dele fosse cheia de sustos. O Wilson levou tudo na esportiva e aceitou de bom humor as brincadeiras dos amigos. Depois de muitas mentiras e latinhas amassadas resolveram descansar para o dia seguinte que prometia ser de muito “trabalho”.
Acordaram cedo, antes do meio dia. Durante a tradicional lavação de olhos e escovação de dentes por alguns mais higiênicos, o Wilson foi inquirido com relação á sua noite na ilha. Discretamente disse que a noite havia sido ótima, a não ser pela visita inesperada na madrugada, do rapaz que insistia em explicar os detalhes da casa e da ilha. Foi um silencio só! Cada um foi cuidar das suas coisas, preparar as tralhas e se ajeitar para a pesca. Ninguém comentou mais nada!
Depois de pescar um pouco, hora de descansar e repor as energias. Como os mantimentos haviam acabado (cerveja) o Danilo havia ido até o porto e para surpresa geral, voltou com o barco cheio de gente! Ele explica: ao chegar ao porto, quem ele encontra? A viúva do caseiro, com vários familiares tristes ainda com a recente perda. Todo eufórico relata para a família o ocorrido na ilha, de como o Wilson havia recebido a visita do morto na ultima madrugada! Claro que quiseram saber mais noticias sobre o falecido e tinha que conversar com a única pessoa que havia mantido contatos com ele.
O Wilson gelou! Havia inventado aquilo para tirar uma com os colegas e agora a coisa tomava dimensões astronômicas!
Não foi mole não! Explicar pra família que tudo não passara de uma brincadeira não foi fácil, mas era necessário. No fim, tudo se resolveu e o falecido pode descansar sossegado.
Parece mentira de pescador, mas o Wilson jura de pés juntos que o incidente realmente aconteceu!
terça-feira, 3 de abril de 2012
PRESENTE - PASSADO
Muitos dizem que as coisas melhoraram em comparação há algumas décadas atrás. Alguns dizem que pioraram e que antigamente é que era bom.
Antes tudo era difícil e trabalhoso. O esforço era mais físico do que mental. As distancias eram realmente grandes e os meios de transportes precários. Hoje, aeronaves de ultima geração percorrem todo o espaço do planeta em poucas horas. A internet coloca o universo inteiro dentro de nossas casas. Pesquisas e mais pesquisas são feitas para diminuir os nossos esforços físicos. Antes o ar era puro e saudável. Hoje é poluído e cancerígeno! Antes os rios eram límpidos e tinham peixes. Hoje são poluídos e tem mais lixo do que água! Antes, a impressão era de que o tempo passava. Hoje nos parece que voa!
Somos hoje mais felizes? Parece-me que não! A modernidade que veio para nos dar mais conforto falhou num detalhe: esqueceu de nos dar a consciência de que conforto significa ter mais tempo para ser feliz. Hoje, transformamos o tempo no nosso grande inimigo e corremos desembestados em busca de algo que não sabemos muito bem o que é, mas que perseguimos com todas as nossas forças. Vivemos tão deprimidos com o passado e ansiosos com o futuro que o dia de hoje passa despercebido.
Fugimos da nossa realidade nos concentrando na realidade dos outros, ou na falsa realidade, que chamamos de virtual. Perdemos a virtude de nos espantar com o desconhecido, porque tudo nos parece normal ou natural. Perdendo nossos valores essenciais, sentimos que um vazio enorme nos absorve e nos anula.
Valeu à pena trocar a paz e a tranqüilidade de uma vida simples pelas comodidades modernas? Não se sabe!
Teria jeito de ser diferente? Improvável!
O que sabemos é que a coisa está como está e só nos resta assimilar. Tentar aliar a tecnologia à felicidade. Usufruir da modernidade entendendo que ela é um meio e não um fim.
E se sobrar um tempinho nessa correria doida, sair pelos campos, chupar fruta no pé, respirar profundamente o restinho de ar puro que nos resta!
Como antigamente!
segunda-feira, 2 de abril de 2012
RECORDAÇÕES ESPARSAS
Da infância, somente algumas lembranças ainda sobram, embaralhadas e distantes. De sair, as vezes com meu pai, a pé ou de carroça e atravessar a cidade até a fabrica de guaraná do “Cabeça Branca” apelido de João Gomes Navarro. Ali degustava a bebida mais gostosa do mundo, recém fabricada, ainda quentinha depois de passar pela inspeção de qualidade: os olhos do Serginho, treinados para encontrar impurezas na bebida.
Lembro-me também da Casa Ferreira, um secos e molhados de amigos portugueses onde o José Português servia o balcão, ao mesmo tempo em que vendia ferramentas que se amontoavam nos fundos. Futuramente se transformou na Casa Benites, mas as funções não se alteraram e lá nos fundos sempre havia uma roda barulhenta de truco, regada a doses de pinga e cerveja. Vez em quando chegava o Seu Afonso, fiscal da saúde municipal, com sua infalível pasta preta debaixo do braço, fazendo a ronda pelo comercio.
Na memória ficaram também os passeios na casa do padrinho Bernardino, onde a madrinha nos servia café com pão e queijo feito com o leite tirado das vacas que pastavam por entre as toras da velha e já desativada serraria. Essa serraria abandonada era o nosso deleite para brincar. Havia os porões, o trole sobre trilhos que era a nossa locomotiva e milhares de lugares bons pra brincar de esconde-esconde. Só tinha que tomar cuidado com as vacas, porque algumas eram brabas e corriam atrás da gente! Ali, passávamos todo o nosso dia, brincando, comendo amoras e pêssegos no pasto. No final do dia o Toninho Moreira nos levava prá casa no sítio, de Lambreta, ou o Migo no caminhão de toras, depois de devidamente abençoados pela madrinha!
sexta-feira, 30 de março de 2012
sábado, 3 de março de 2012
ENTRE A VIDA E A MORTE
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
PIONEIROS ANÔNIMOS
Quem são os pioneiros da nossa cidade? Quem são as pessoas que aqui chegaram a muitos anos atrás e derramaram o seu suor para construir o que nós hoje usufruímos prazerosamente? São somente aqueles que constam nas placas e que dão nomes ás ruas?
Vamos buscar respostas na historia.
Walter Benjamin, ensaísta, critico, tradutor, filósofo judeu alemão, nascido em Berlim no ano de 1892 tem algumas teses muito interessantes sobre alguma coisa parecida.
Benjamin nos diz que temos que escovar a história á contrapelo, ou seja, valorizar mais as experiências coletivas ao invés das individuais. Questionar sempre a história dos vencedores porque estes provavelmente impuseram suas idéias valendo-se da sua posição privilegiada. Ele nos convida a romper a história, como uma criança desordeira que joga tudo no chão, para que novos desdobramentos sejam analisados á luz de novas idéias. Nos incita a desconfiar mais, a valorizar o cotidiano e as mentalidades da época, os sonhos e ambições daqueles que não eram os personagens principais, mas que por certo tiveram uma participação importante no desenrolar dos fatos.
Se eu perguntar: quem construiu as pirâmides? Os faraós, me responderiam! Mas eles arrastaram pedras? Ergueram-nas com sua força ou lapidaram-nas para que se encaixassem nos seus lugares? Claro que não! Estavam muito ocupados nos seus serviços religiosos e no comando político do Egito e deixaram o serviço pesado para os operários!
E quem eram esses operários? Escravos? Trabalhadores livres? O que pensavam da construção? O que comiam? Como se divertiam? Sabiam ler? Escrever? Uma coisa nós temos certeza: foram essas pessoas os responsáveis pela construção desses monumentos que até hoje causam admiração, milhares de anos depois.
Depois desse grande giro pela história e pelo mundo, agradecemos ao Walter Benjamin pela divagação e voltamos á nossa questão inicial. Sabemos que no inicio das nossas cidades, dezenas de pessoas habitaram os mais longínquos rincões. Plantavam suas roças, criavam seus animais e viviam sua vida. O excedente da produção vendiam na cidade, e suas compras eram também efetuadas nas vendas e empórios. Iam ás missas e cultos e quando podiam, ás quermesses e festas. Colaboraram com o progresso da sua maneira, mas sem esses anônimos ele certamente não viria. Não são homenageados com seus nomes batizando logradouros e ruas da cidade, mas nos escaninhos da história, lá estão eles encaixados como blocos de granito numa pirâmide, até o dia que um historiador com espírito de criança desordeira resolver escovar a história a contrapelo!
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
CONTRASTE SOCIAL
No multicolorido alucinante
A sociedade inteira rodopia.
O mundo esquecido, a alma amante,
Ao calor sonoro, o mundo desafia.
São almas solitárias que se iludem,
E se procuram, mas ah! Ironia
Próximas sim, mas tão distantes.
E pagam caro, toda sua ousadia.
Se tão perto os corpos se encontram,
Separadas e distantes as almas vão.
É a matéria que se choca loucamente,
E fundida, continua na ilusão.
Rodas vivas, sonoras, coloridas,
Entes mortos – mentira compassada,
Redemoinho que atrai tantas vidas,
E as leva ao encontro do...nada
Mas o nada, não é nada; é tanto!
É a realidade infeliz que sobrevive
É o sorriso que oculta o pranto
E espera uma ilusão que ainda vive
Trabalho publicado em maio de 1977
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
ANTONIO ANTUNES
Aqui, a realidade era bem diferente de Portugal em meados do século XX. Muitos imigrantes chegando no porto de Santos com a perspectiva de melhorar a vida. E o Brasil abria-se para esses desbravadores, carente que estava de mão de obra.
Seu primeiro emprego foi de operário na ferrovia Mairinque a Santos. Trabalho braçal duro, na marreta e picareta enfileirando dormentes e trilhos, cortando a serra para a composição levar para o porto, as riquezas do interior.
Guardou um dinheirinho. Um dia alguém lhe falou de um lugar no norte do Paraná chamado Marialva, que estava sendo desbravado e colonizado. Ouvir o nome da cidade fez seu coração bater forte. Conhecera na sua juventude em Portugal, uma velha senhora de nome Marialva que era de uma bondade absoluta. Decidiu que iria conhecer essa cidade-criança com nome de mulher.
O irmão Joaquim havia também chegado da Europa e partiram ambos para as terras roxas do Paraná. Era um projeto de cidade, com os pioneiros chegando lentamente, improvisando barracos no meio do mato e vivendo do jeito que dava.
Comprou um sitio de quatro alqueires na Gleba Aquidaban e dá-lhe machado na mata virgem. Em alguns anos, os primeiros pés de café começavam a produzir. As primeiras construções no sitio eram feitas de troncos de palmitos e cobertos com tabuinhas de tamboril. As árvores maiores derrubadas na mata eram serradas nos traçadores, transformadas em vigas e reservadas para a construção de tulhas.
Infelizmente com poucos anos de Brasil, o irmão Joaquim faleceu. A vida, que já era difícil, complicou de vez.
Voltou para Portugal em 1953 e retornou para o Brasil no navio Vera Cruz, já casado com a portuguezita Maria José Ferreira.
E adeus terras lusitanas. Adotou Marialva como pátria e na sua terra descansou depois de uma vida de muito trabalho.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
BONANÇA DA ALMA
atormentadas, é o brilho da aurora
É o sorriso reflorindo alegre,
da natureza incerta de quem chora
Venha, são raios d'ouro, são certezas
São nuvens brancas depois do temporal.
Corre e lave as tuas impurezas,
neste bálsamo benéfico e imortal.
Choveu? eu sei, mas já passou
Incrível, mas enfim, tudo acontece
Na tempestade que agora terminou
O bom tempo sorridente permanece
E a suave brisa que te acaricia
o rosto, onde lágrimas rolaram,
aproveita e sussurra em primazia
palavras que com a alma se deparam.
E o sorriso se manifesta altivo
vivendo a alegria da bonança.
Sofrido sim, mas continua vivo
E alimenta uma nova esperança.
Trabalho publicado no livro "Escritores Brasileiros 1985"
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
CHUVA
Alguém um dia me disse que São Francisco dizia que a chuva não era coisa de Deus; era o Próprio Deus se derramando sobre a terra em forma de bênçãos. Concordo com ele. Só não concordo com os meteorologistas quando dizem que quando não vai chover, vai fazer tempo bom! Quer tempo melhor que um tempinho de chuva pra dormir e comer pipoca?
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
MEU SANGUE

Mas é um pedaço de mim, um fragmento,
De um amor eterno, grande e verdadeiro.
Que explodiu em vida, num momento.
Eu quero, quando um dia a luz vital.
Pela vez primeira iluminar teu ser
Te envolva num manto de força e energia
E te faça sentir, a alegria de viver.
Se num dado momento te sorrir a gloria
E sentires o gosto da conquista do tesouro
Mereces ser feliz e serás, mas não te esquece,
Que murcha e seca rapidamente o louro.
Se um dia achares que abraçastes o infinito
Mas que estás de mãos vazias, não te esquece,
Que nem sempre se amealha coisas úteis,
E nem tudo é ouro, o que com ouro se parece.
Eu sei que o mundo, às vezes é cruel.
E constantemente nos ceifa a ilusão
Mas é preciso se erguer a cada tombo
E tirar de cada queda uma lição.
É preciso caminhar, mesmo que a meta,
Nos pareça distante. É necessário prosseguir
Pois não importa o caminho, o que importa,
É sempre lutar, enfrentar. Sempre insistir.
E se for preciso escolher entre o mundo
E a ti mesmo, procure sempre se lembrar,
Que é importante ouvir, e mais ainda,
É antes de outrem, a ti mesmo respeitar.
Mas se um dia a tormenta agitar teu barco
Assolar teus sonhos, encurtar teu chão.
Nunca te esqueças que tens um amigo
Que caminhará contigo e te dará a mão.
Trabalho publicado em 1986 no livro Poetas Brasileiros de Hoje – 1986, pela Editora Shogun Arte, Rio de Janeiro RJ.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
UMA PORTUGUESA DO BARULHO

MARIA JOSÉ FERREIRA
Maria José Ferreira nasceu no dia 20 de maio de 1920, numa pequena localidade chamada Vale de Pombal, em Portugal. Viveu sua infância ali pelos arredores, aprendendo com sua mãe, a ser uma dona de casa. Ajudava também a cuidar das ovelhas da família e um dos serviços do qual ela jamais se esqueceria era a de juntar o esterco que os animais deixavam cair pelos caminhos, que iriam servir de adubo nas quintas. Como dizia, seu serviço era “apanhar cagalhões” para adubar a terra! Sua juventude seguiu sem muitas novidades, a não ser trabalhar ás vezes como apanhadeira de azeitonas para os vizinhos, e algumas peregrinações á Fátima, á pé porque era perto. Como o lugar onde nascera era conhecido como “tapada”, era conhecida pelas amigas como “Maria da Tapada”.
Mas a boa vida da Maria da Tapada iria dar uma grande guinada! Foi pedida em casamento por um gajo, nascido e criado ali por perto, chamado Antonio Antunes, que havia emigrado para o Brasil, onde possuía um pequeno sítio na cidade de Marialva, no Norte Novo do Paraná.
No dia 4 de abril de 1953, casadinha de novo e ao lado do marido, embarcou para o Brasil no navio de bandeira portuguesa chamado Vera Cruz. Fizeram uma pequena parada em 06 de abril na Ilha da Madeira e no dia treze de abril, bateram com os costados no Rio de Janeiro. No outro dia já estavam no porto de Santos onde desembarcaram.
Chegaram a Marialva no dia 5 de maio de 1953 e a portuguesa toda perdida em terras tupiniquins, encontrou á sua espera um “confortável” ranchinho de palmitos, e muito trabalho. O córrego ficava a mais de duzentos metros de distancia e com a trouxa na cabeça lá ia ela com as roupas para serem lavadas. O mato da propriedade havia sido tombado á pouco tempo e conforto não havia nenhum, mas em compensação as saudades da sua terra e da família eram muitas. Imaginem a jovem portuguezita separada de todos os familiares, vivendo numa terra distante da sua, o que não deve ter passado!
Mas sobreviveu! E criou cinco filhos, educando-os como pode. Com ela, aprenderam a viver e principalmente a rezar e a temer o demônio. Tinha um medo danado de cobras e um pavor enorme de temporais.
Trabalhava como homem na roça. Na cozinha era uma grande cozinheira e seu bolinho frito de chuchu era de dar água na boca. Roupas para a família eram todas costuradas na sua velha e eficiente maquina de costura. Cuidava das criações e ainda conseguia uns trocados vendendo ovos de galinhas caipiras.
Uma única vez voltou á sua terra natal. Embarcou com a caçula em Guarulhos e partiu para Portugal com a intenção de ficar dois meses. Voltou vinte dias depois justificando que a sua vida toda estava aqui no Brasil.
Em julho de 2007 transformou-se em lembrança querida. Dias antes de partir, divertia as enfermeiras contando piadas e dando a receita para se viver bem, com poucas rugas: - Bebam vinho! Sábia, alegre e ás vezes meio besteirenta, essa portuguesa valente deixou o mundo num dia escuro e chuvoso. Com certeza, sua ultima viagem foi bem mais tranqüila que sua agitada vida.
Vá com Deus, Vó Portuguesa! Literalmente!
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
EITA CAMINHO SUAVE !!

PRIMEIRA AULA – UMA LIÇÃO INESQUECÍVEL
Lendo a matéria do meu amigo Dinor Chagas no seu blog, a minha mente deu voltas. Vi-me, com sete anos de idade, sendo conduzido pela minha mãe, sem ter idéia para onde ia, nem o que me aguardava lá. Para onde ia, logo fiquei sabendo: Grupo Escolar de Marialva, nome que escreveria por muitos anos, nos cabeçalhos dos cadernos, junto com a data.
Mas, voltando ao primeiro dia de aula, antecipo que foi um desastre! Foi muita coisa nova num só dia, para o molequinho criado no sítio, pescando lambaris no “corgo” e enchendo o bucho de frutas nas árvores do pomar. Com idade escolar, eu praticamente desconhecia a civilização. As poucas incursões que fazia na cidade eram nas missas e de vez em quando nas quermesses, de mãos dadas com minha mãe. Era um autentico bicho do mato, assim como a maioria das crianças da roça!
E aí, adivinha o que aconteceu? Borrei-me todo, assustado com tantas novidades!
Esqueceram de preparar o meu espírito para o evento! Não me orientaram para o que aconteceria na minha nova vida e eu me vi perdido num mundo completamente novo e desconhecido. Emocionalmente aturdido, não segurei!
Posso viver mil anos. Do meu primeiro dia de aula, jamais me esquecerei!
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
GARIMPEIROS DE ANTIGUIDADES
Eu e a Ivani temos algumas manias. A que mais se destaca é o de procurar coisas antigas. E nas nossas andanças, o que vemos é que cada dia mais pessoas procuram também adquirir relíquias, seja para enfeitar suas casas ou para expor, como curiosidade do passado. Carroças antigas, moinhos, panelas de ferro, bombas d’água e uma infinidade enorme de objetos são disputados pelos colecionadores. E perguntamos: porquê? Estamos vivendo uma nova época do romantismo antigo, quando as pessoas sentiam saudades do passado simples, singelo e bucólico da vida do campo? Queremos nos apegar a um restinho de “realidade real”, em tempos de realidades virtuais, onde não sabemos mais o que é e o que não é?
Uma velha carroça tem uma longa historia! Que caminhos não teriam percorrido suas velhas rodas e o que tipo de cargas não teria carregado em sua estrutura simples, mas eficiente? Que tipos de pessoas conduziram esse modelo de transporte, agora ultrapassado? O que pensavam? Quais os seus sonhos, suas ambições?
Quem tem pouco mais ou menos de cinqüenta anos sabe das dificuldades que vivíamos há algumas décadas atrás, principalmente na zona rural. O conforto com que estamos acostumados hoje, não existia. Luxos como luz elétrica, geladeira, televisão e outros, eram coisas que poucos conheciam. O dia a dia era de muito trabalho e pouca diversão. Acordava-se bem cedo e como na época a Rede Globo ainda não ditava os horários, as lamparinas eram também apagadas muito cedo. A comida era feita com produtos da própria horta e tinha gosto de comida de verdade. No comercio, só comprávamos basicamente o açúcar, os tecidos, o sal e o querosene.
Era uma vida difícil, mas de certa forma era relativamente tranqüila. Não havia tanta violência e os nossos sonhos de consumo eram bem modestos. Não havia a preocupação com os últimos lançamentos na área da informática ou de outras áreas quaisquer.
Analisando hoje percebemos que no fundo, sentimos saudades da simplicidade. E agora corremos atrás de um pouquinho do passado, na ânsia de não deixá-lo escapar definitivamente. Talvez porque isso faça-nos sentir mais humanos e menos artificiais.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
O SAPO E O ESCORPIÃO

Ouvi, não me lembro onde, uma fábula do tempo em que os bichos falavam. Acredito que eles falem até hoje, nós é que deixamos de ouvi-los. Mas, voltando ao causo, havia na beira de uma lagoa, um escorpião que, por motivos particulares, precisava atravessar para a outra margem. Como não avistasse por ali nenhuma casca que pudesse utilizar como barco e vendo um sapo refestelando-se em cima de uma pedra, quis contratá-lo para o serviço de locomoção. O batráquio assustou-se com o convite:
-Estás louco! Se me mordes, teu veneno me paralisa e morremos os dois!
O escorpião insistiu. Claro que não o morderia. Se o fizesse, morreria também afogado.
E tanto argumentou que o sapo acabou concordando. Encarrapitou-se então nas costas gordas do bicho e partiram ambos lagoa adentro.
Longe já da margem, o escorpião crava os ferrões no couro do sapo. Este, ferido mortalmente, reclamou a traição, nos estertores da morte:
-Você....disse....que...não...me....atacaria!!!
Afogando-se, moribundo já, o escorpião defendeu seu ato:
-Me perdoa...não pude resistir...sou um escorpião...é a minha natureza!
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
A natureza é mãe. A natureza é sábia! Quando menos se espera, ela te surpreende com seus frutos. De algum lugar de dentro de si, ela elabora preciosidades. Como converter os sais absorvidos pelas raízes, a água e o ar, em saborosos rebentos? Que milagre é esse que se opera a cada ano que deixa extasiados os nossos sentidos? Esse visual de sabores e cheiros que nos atrai e seduz é construído com que forças mágicas?
Não é preciso se questionar tanto! Basta estender os braços e usufruir das bênçãos!